A critica a qualquer
ação governamental ou qualquer pessoa é válida quando permeada de argumentos
sólidos. Liberdade de pensamento faz parte do processo de consolidação da
democracia. Mas qual é o motivo para esta minha reflexão? Ao observar as
reações dos opositores do sistema de cotas raciais, fico a me perguntar: como
entender?
Li um artigo sobre
cotas raciais e peço vênia para
discordar do mesmo em alguns trechos.
Quando se refere à
população negra de forma ativa, em relação à implantação de cotas raciais, o
autor diz que “esse sistema não resolve o
problema e pode até chegar a um nível de distorção tal, que até médicos
poderiam ser selecionado pela cor”.
Rejeito esta
afirmativa, pois ao escolher como exemplo uma profissão majoritariamente
dominada por profissionais da cor branca, acredito que sem intenção, mostra um
ponto negativo em relação a futuros profissionais da área médica de cor negra.
Sei que não era o objetivo do nosso ao afirmar isso, mas na mente dos mais
desavisados, surte a ideia de que um futuro profissional da área médica advindo
do sistema de cotas, não seria confiável.
Quando se refere ao
racismo existente no meio da sociedade, a falta de políticas públicas para
atender os negros após a abolição, ao contingente de negros no sistema
carcerário e aos baixos salários, o autor dá o tom bem passivo. Frases como: “Lamentavelmente, boa parte da população
carcerária é de negros e excluídos“. Boa parte não, a grande maioria sempre
foi e como se pode imaginar, continuará sendo de negros, enquanto não for
mudada a forma de valorização dessa população, que deu uma contribuição sem
medidas para a construção do nosso país.
Outro pensamento, é que
“os concursos preservem o princípio da isonomia constitucional, garantindo a
todos o livre acesso aos cargos oferecidos que os aprovados possam desfrutar”.
Concordo plenamente, mas permita-me um questionamento: Para participar de
concursos, certamente é necessário fazer um curso, o famoso “estudando para
concurso”. E quem pode pagar os “baixos” preços dos cursos? O pobre, geralmente
negro, que ganha um salário que mal dá para a sua subsistência? Será que esses
poderão, de fato, pagar os melhores professores para então, concorrerem nas
mesmas condições dos mais abastados economicamente? Ou será que a partir de
agora será tão comum um negro de origem humilde chegar a mais alta corte do
nosso país, ou quem sabe, sonhando um pouco mais alto, a
presidência dos Estados Unidos da América?
Inconstitucional é o
pobre trabalhar o dia todo e depois ter que enfrentar um trânsito terrível para
entra pelas portas de uma instituição privada de ensino superior. Enquanto
isso, os mais capacitados tem condições e tempo para se prepararem para ocupar
as melhores instituições de ensino público, que na essência deveria atender aos
mais desprovidos. Onde está a justiça nesta questão?
Inconstitucional é os
desiguais serem tratados iguais na medida de sua desigualdade. O sistema de
cotas, talvez não seja a melhor solução, mas enquanto o caminho da igualdade e
justiça social continuar distante de nós, por enquanto é a melhor solução.
Direitos humanos já!
Postar um comentário