A vida começa aos 60

Com a mão na massa

Em vez de se aposentarem e vestirem pijama, os idosos brasileiros apostam cada vez mais em negócios próprios para continuar ativos


A artista plástica Vera Regina de Oliveira é um exemplo de sucesso. A gaúcha, que chegou a Brasília em 1993, em razão da transferência do marido – o militar aposentado Odilon Antônio de Oliveira, 64 -, abriu um ateliê no subsolo da 309 Norte aos 45 anos. Hoje, a cinco meses de completar 60, ela não cogita se aposentar. Ao contrário, está cheia de planos: quer aproveitar as chances que a Copa do Mundo de 2014 vai trazer para ampliar as atividades. Vera vai utilizar a técnica conhecida como íris folding (imagens feitas com dobraduras em duas dimensões), para representar imagens de Brasília, que devem ser serigrafadas em canecas e objetos de uso cotidiano. ”Estou nessa área há 40 anos. É um prazer. Só paro quando a idade não me deixar mais trabalhar”, afirma.
A paixão pela arte começou cedo. No Rio Grande do Sul, Vera dava aulas em uma escola e em seu ateliê. Em Brasília, os primeiros alunos vieram em 1994, encantados por uma exposição realizada pela gaúcha. Na capital, ela começou a lecionar em casa. Três anos depois, decidiu oficializar o negócio. Além de ser entusiasta do íris folding, ela ensina desenho, pintura, mosaico e patch work. Atualmente, Vera tem cerca de 35 alunos. “Alguns estão comigo há oito anos. Dizem que eu sou um vício,” brinca.
José Rodrigues da Costa, 65 anos, pilota um negócio próprio há mais de 30. Piauiense, ele se orgulha de conhecer cada um dos clientes que frequenta a Ótica Miragem, na sobreloja de um prédio no Setor Comercial Sul. Aposentado há um ano, ele diz que parar de trabalhar é inviável. “O valor do benefício é muito pequeno. Tenho de continuar com a ótica,” explica. Rodrigues veio para Brasília em 1964. Era servente de pedreiro. Aprendeu a arte das lentes com um amigo, em uma ótica na Asa Sul, onde trabalhou por um tempo.
O negócio só veio em 1980. Hoje, José tem loja própria. Ele relata que o movimento é baixo, de cerca de duas pessoas por dia, mas que o rendimento é suficiente para pagar as contas da casa. “Ganho pouco, mas não tenho muitas despesas”, afirma. O piauiense, contudo, não tem medo do trabalho. “Sou novo ainda,” brinca. Folheando uma revista científica, José comenta uma notícia: “Isso de o mundo acabar em 2012 não pode, não. Quero viver muito tempo ainda.”
 Fonte: Correio Braziliense
Compartilhe este artigo :

Postar um comentário

 
Copyright © 2011. Ricardo Quirino - All Rights Reserved
Proudly powered by Blogger