Pouca qualidade de vida

A pesquisa da Codeplan destaca que 55% da população idosa é formada por mulheres e o contingente feminino é mais expressivo quanto mais velho for o segmento. Apesar de viverem mais, as idosas não desfrutam de boa qualidade de vida: são viúvas ou solteiras, vivem mais sozinhas, têm nível mais baixo de instrução e renda e fazem mais queixas de saúde. “Tenho oito filhos, mas moro só com a minha filha. Perdi meu marido há muitos anos. O maior problema disso é a solidão mesmo. Nunca mais tive ninguém,” conta a dona de casa Ana Ferreira, 81 anos, do Pedregal (GO), Região Metropolitana do DF.
Futuro
Para mudar a realidade dos idosos do DF, analisa o pesquisador Vicente Faleiros, é preciso construir e discutir a implementação de políticas de convivência com os idoso. “O preconceito é sentido por 80% deles. Isso é absurdo. Temos que fazer os jovens enxergarem que os mais velhos serão eles no futuro. E, além disso, poder contar mais com a agilidade da Justiça. Isso é muito importante para evitar a repetição da violência. Infelizmente, a Justiça ainda é lenta para esses casos,” conclui Vicente Faleiros.

Cidade envelhece rapidamente
De acordo com a Codeplan, em 2010, o DF tinha 197,6 mil pessoas com 60 anos ou mais, o que representava, aproximadamente 7.7% de sua população total. Porém, os indicadores preveem que nos próximos 16 anos os idosos representarão 15% da população e a capital terá uma estrutura etária tipicamente de países envelhecidos.

“Tá faltando paciência, respeito e carinho com a gente. Tem dias que é muito difícil ser idosa”, desabafa a aposentada Veneranda Pereira de Sousa, 70 anos, mãe de seis filhos.

O estudo destaca ainda que, para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a violência contra a pessoa idosa é conceituada como o ato ou emissão que lhe cause dano ou aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista expectativa de confiança.

“Nunca fui agredido fisicamente, mas muitas vezes moralmente. Já me xingaram de velho, de fracote, inútil. Ser idoso, hoje, é como ser um cachorro de rua,” desabafa o morador do P.Sul Leônidas Pereira, 63 anos.

As estatísticas da violência revelam o que já se percebe na vizinhança, na comunidade. E, muitas vezes, os casos sequer são denunciados. Mas, aos poucos, a população tem se dado conta da importância de relatar abusos e agressões. E à medida que comunidade faz a sua parte cada vez mais, o Estado também deve aumentar a sua atuação, combatendo e prevenindo o problema. Afinal, não basta denunciar um crime, se o responsável pelo delito continuar impune.

Tipos de maus-tratos

*Violência física: Uso da força física para compelir os idosos a fazerem o que não desejam, para feri-los, provocar-lhes dor, incapacidade ou morte.
*Violência psicológica: Agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar os idosos, humilhá-los, restringir sua liberdade ou isolá-los do convívio social.
*Abuso sexual e violência sexual: Ato ou jogo sexual de caráter homo ou heterorrelacional, utilizando pessoas idosas, que visam obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças.
*Abuso financeiro e econômico: exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou ao uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais.
*Abandono: Manifestado na ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção.
*Negligência: Diz respeito à recusa ou omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos, por parte dos responsáveis familiares ou institucionais.
*Autonegligência: Conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou segurança, pela recusa de prover os cuidados necessários si mesma.

Fonte: Jornal de Brasília
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