Os novos empreendedores do momento

Já podemos afirmar que vivemos novos tempos: segundo estudo feito com base nos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), em 2011 os mais velhos geraram 19,4% do rendimento total dos brasileiros. Uma fatia de mercado significativa e que tende a crescer com o envelhecimento da população.
Os resultados apontam que os idosos eram responsáveis por 64,5% do rendimento familiar. Muitos ignoram a importância e relevância desse número no cenário econômico do país. Considerando todas as fontes como trabalho, aposentadorias, aluguéis, investimentos financeiros, esse nicho de mercado respondia com uma renda de R$ 28,5 bilhões ao mês.
É claro que desse total, a maior parcela é representada pela Previdência Social, que cobre 69,5% do rendimento dos mais velhos, segundo o estudo.
Idosos na ativa
O estudo do Ipea revela que 35,1% dos homens idosos participavam de algum tipo de atividade econômica – cerca de 50% desse grupo já estava aposentada e se mantinha no mercado de trabalho.
Já entre as mulheres com mais de 60 anos, 12,4% continuavam ativas e também aproximadamente metade recebia aposentadoria. Do total de homens mais velhos, 75,3% eram aposentados e apenas 3,7% não tinham nenhum rendimento. “É um percentual muito baixo”, disse Maria Amélia Camarano, coordenadora do estudo.
No caso das mulheres, 13,4% não tinham renda própria e 58,3% recebiam aposentadoria.
Para as idosas, diz a pesquisadora, o problema da falta de rendimento (decorrente da menor inserção feminina no mercado de trabalho quando elas eram mais jovens) é atenuado pelo fato de receberem pensões após a morte dos maridos.
Idosos empreendedores
Navegando em águas transformadoras, os idosos do momento sonham, desejam mudanças e mergulham em novos projetos: ter o próprio negócio. Aposentadoria? Nem pensar. É o caso de da costureira Consuelita da Consolação Gomes Souza, de 76 anos. Ela é hoje proprietária de uma pequena loja de roupas e acessórios femininos no Bairro Coração Eucarístico, em Belo Horizonte.
Conta a matéria publicda no “Estado de Minas”, autoria de Geórgea Choucair, que Lilita (apelido dado pela família, amigos e clientes) era costureira na juventude e voltou ao mercado formal depois de ficar muitos anos afastada para cuidar da família. No início, a ideia de ter o negócio próprio surgiu da necessidade de complementar a renda da aposentadoria de apenas um salário mínimo pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Mas a costureira ficou surpreendida ao perceber como a volta ao trabalho fez bem para o seu bem-estar.
“Sinto-me feliz de trabalhar e alegrar o cliente. Tenho filhos, marido e a loja. Agora, só falta dinheiro para colocar todos os produtos que quero lá dentro”, afirma.
De um momento difícil – seu marido teve um acidente e quebrou a perna, ficando quatro anos em tratamento – Consuelita deu a volta por cima e decidiu pelo projeto de montar a loja.
“Eu estava morta, mas o trabalho me fez retomar as rédeas da vida. À frente do meu negócio, tenho vontade de viver. Quando você atende a clientela, está sempre conhecendo pessoas novas. Cada uma delas tem um espírito e isso nos incentiva”.
É a força do trabalho que revigora e dá novo sentido a vida, um ponto comum entre os 56,92 mil empreendedores individuais do Brasil com mais de 60 anos, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Ricardo Pereira, gerente regional da Unidade de Educação e Empreendedorismo do Sebrae, define algumas das características principais dos empresários de maior idade:
- a busca de um sonho, muitas vezes adiado pela segurança do emprego na juventude;
- a necessidade de formalizar o negócio ou de dar continuidade à atividade realizada no passado.
“O empreendedorismo pode ocorrer em qualquer idade. O que difere é a atitude. A pessoa passa a ter direitos que antes não tinha, como a contribuição à aposentadoria”, afirma.
Outro novo empreendedor é o pequeno empresário Renato Bessa, de 66 anos. Trabalhando a todo vapor, Renato não sabe o que são férias. Ao longo do ano, sua rotina é de muito trabalho desde que montou a Sabores do interior, no Alto Caiçara. O pequeno negócio funciona como empório de queijos, doces, biscoitos, temperos, pimenta e quitutes do interior.
O projeto do próprio negócio de Bessa, que era engenheiro mecânico, é antigo. O sonho foi realizado e trouxe junto muito trabalho. Bessa é o faz-tudo do negócio. Limpa, arruma, negocia e vende. A loja é aberta todos os dias, inclusive nos sábados, domingos e feriados. “Mas estou acostumado com o trabalho, nem vejo o tempo passar. Não me importo de ter poucos dias de férias”, diz.
“Mesmo se eu tivesse renda suficiente, continuaria a trabalhar. É uma forma de dar exemplo à juventude, filhos e netos. Sinto-me bem e valorizo as coisas que tenho. Trabalho é motivo de satisfação para mim”, Bessa completa.
Para Pereira, do Sebrae, a experiência profissional costuma pesar a favor do empreendedor de mais idade: “A experiência não precisa ser específica. A pessoa que atuou na área financeira, por exemplo, pode contribuir muito na operação de uma padaria, por exemplo”.
Outra vantagem, diz, é o fato de a pessoa mais velha buscar mais a oportunidade do que a necessidade: “Ela tem mais tempo para planejar e buscar a informação. O projeto é feito com uma visão mais duradoura, pois não precisa de resultado no curto prazo. O resultado pode vir como consequência e não busca imediata”.
Referências
SOARES, P. (2012). Idosos respondem por quase 20% da renda do país, aponta Ipea. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1167769-idosos-respondem-por-quase-20-da-renda-do-pais-aponta-ipea.shtml
Fonte: www.portaldoenvelhecimento.com.br
O sucesso é a soma de pequenos esforços - repetidos dia sim, e no outro dia também (Robert Collier)
 
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