“Quando saímos de Correntina tínhamos vários cavalos, mas só os burros chegar até Goiânia. Passávamos o dia caminhando e à noite parávamos para conversar e cantar perto da fogueira”, conta dona Pifa.
Em Brasília, Pifa conheceu a modernidade. “Eu quase não via carros. Só vim conhecer TV, avião e fogão a gás aqui, pois só havia duas classes sociais: a rica e a pobre. Quando inauguraram a cidade, as pessoas não acreditavam na grandiosidade do que tínhamos feito”, recorda ela, que não tem prédio ou local preferido na capital. “Gosto de tudo. Até dos governantes”, jura.
Com a cidade estabelecida e os filhos em boa situação, Pifa passou a gostar mais da vida. Baladas e uns “golinhos” faziam a alegria da senhora, que nasceu próximo a um alambique. “Quando minha mãe começou a ter problemas de saúde, cortamos algumas coisas, como o cigarro que ela fumou por quase 70 anos, mas não dava para cortar a bebida, porque era o prazer dela. Às vezes, um vinhozinho vai bem. Quando ela exagera a gente dá uma freada”, conta o filho Aleixo, ao lado do irmão Miguel Mendes Neto, o Perereca, ex-jogador do Vila Nova.
Os filhos contam que Pifa não é fácil de acompanhar. Por conta do embalo da vovó, Aleixo teve que deixar de beber. “Eu acompanhei minha mãe a vida toda por todo o canto, mas chegou uma hora que não deu e eu pedi arrego”, fala.
Ao fazer 90 anos, dona Epifânia fez um pedido nada comum para a idade: uma tatuagem. “Olhamos um para o outro e pensamos: ‘Por que não? Ela já viveu tanta coisa’ e demos todo apoio”, lembra Aleixo.
Vaidosa, a vovó corre para o interior da casa para trocar de roupa e mostrar o desenho que fez na coxa esquerda. E ainda ganhou a música de Engels Espíritos, que não raramente, acompanha nos shows. “A melhor coisa do mundo é ser feliz.”
Dona Pifa afirma que, em seu tempo, as dificuldades eram maiores, mas que não se via tanta violência como hoje. Para ela a culpa dos males que assolam a capital e o País vem das drogas. “Quem trouxe isso foram as drogas. Tem que cercar tudo e colocar na cadeia”, desabafa a idosa, que completa: “Peço para que acabem com as drogas”.
Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br
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